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domingo, 29 de novembro de 2015

A OUTRA MULHER QUE HABITA EM MIM



A outra mulher que habita em mim não se faz de sonsa nem de rogada.  Não é santa nem safada. Ela tem atitude. Ela é corajosa. É audaciosa, destemida e sabe o que quer.

A outra mulher que habita em mim tem sonhos grandiosos e luta por eles. Dá o sangue, rasga a carne, não larga o osso.

A outra mulher que habita em mim não tem cabelos loiros ou  pele morena, sequer olhos azuis,  à força veste manequim 40  e mas  o  bundão  insiste em ser 44.   Não é um mulherão  mas pensa que é. Ela sabe e gosta disso. E  para quem pensa o contrário, não está nem aí.

A outra mulher que habita em mim está certa de  que se não for à guerra não terá os louros da vitória. E ela empunha a espada como ninguém e não baixa a guarda porque recuar não faz parte dos seus planos. Recuar nem para tomar impulso.

A outra mulher que habita em mim quer viver grandes sonhos e grandes amores e sabe que para isso terá que tirar as vestes de mulher nanificada  e se lançar num mundo de não faz de conta. A realidade é dura.

A outra mulher que habita não que ter cicatrizes e nem feridas mas espera que se tiver que tê-las tenha alguém por perto para ajudar amenizar a dor.

A outra mulher que habita em mim é contraditória e possessiva e sem saber como nem porque, acorda no meio da noite e faz valer os seus direitos de eleita, interrogando  sem dó o indigitado, querendo saber porque ele só não fala com ela, achando tudo muito estranho.  Sem esperar a resposta a outra mulher que habita em mim volta a dormir o sono dos justos e pode no dia seguinte, rir com gosto do ocorrido, porque não era ela, mas era eu quem estava nela.

A outra mulher que habita em mim resolveu falar não para pessoas às quais sempre falou sim e falou sim para  pessoas que sempre ouviram de si um não.

A outra mulher que habita em mim é revolucionária  e está tocando a vida conforme seus desejos e dançando conforme a música.

A outra mulher que vive em mim não trabalha porque não quer. Não tem servos nem senhores, não dita regras e não quer acatar nenhuma.

A outra mulher que habita em mim é mulher de fases, de vontades e de desejos. Ora quer  ora não quer, ora sonha ora ri, ora senta e chora.

A outra mulher que habita em mim não  mendiga  atenção, favores, amizades e amores.

A outra mulher que habita em mim encontrou o espaço vazio e se instalou.  Encontrou abrigo e se adonou.


Acho que nunca mais vou deixá-la partir... Já gosto dessa mulher.


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